domingo, 30 de setembro de 2007

Em alguns momentos ela se pergunta o motivo. Não sempre, nem frequentemente, mas há dias em que é inevitável. Quando a noite começa a cair, ou quando está frio demais pra aceitar os diversos convites que a fariam manter os pensamentos em qualquer outro lugar, ou quando ela não consegue encontrar uma desculpa convincente pra fugir dos amiguinhos e da sua felicidade pré-fabricada, com cara de que foi comprada em loja de departamento, e simplesmente se obriga a dizer que não está com vontade, que quer mesmo ficar só. Nessas horas surge a questão: qual o motivo pra preferir ficar só? Será que é só por saber que ele não vai estar lá? Ou por saber que todos vão perguntar novamente o motivo de ela resolver assim, se manter sozinha? No fim, é sempre mais do mesmo. Eles não a entendem, ela não faz questão de se fazer entender. Eles poderiam ser atores em um comercial de margarina, ela está farta de tanta superficialidade. Eles vão querer assistir a algum 'arrasa quarteirão', ela se sente muito mais propensa a dividir a noite com seus livros, e discos, e filmes velhos, com cara de dia de inverno, se Sessão da Tarde, de férias no interior... Na verdade, ela se muda cada vez mais pro interior, pro interior de si mesma. Se isso vai resultar em auto-conhecimento ou esquizofrenia, não se sabe, talvez um pouco de cada coisa, talvez cada vez mais nada.




LOUDER
What Goes Around... Comes Around* - Justin Timberlake



*boa filosofia...



Sally, futuresex/lovesounds

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

O tempo mudou e trouxe a melancolia que o vento frio e o céu cinza costumam trazer, trouxe mais coisas junto, devo dizer...
Claro, ele a conhece bem. Óbvio, está preocupado, triste e não confia nada no instinto de auto preservação que ela deveria ter. Ela aprecia o cuidado, mas também é óbvio que ela nunca vai saber como demonstrar isso, não com ele. Ela sabe que ele se magoa facilmente e esse foi mais um dos momentos em que eles simplesmente não sabem o que fazer...



- Você não ligou! Você nem disse o que aconteceu! Sabia que foi a minha mãe quem contou sobre os seus braços? Sobre as manchas e essa droga que você chama de rim??? Você nem tentou ma avisar! - e ele não se conformaria facilmente.
- E você sabe que não pode fazer nada, que não vai poder comprar rins novos pra mim e que te preocupar só ia trazer mais incômodos desnecessários! Eu estou bem, e vocês falam como se eu estivesse à beira da morte! É só uma doença, que se cura com remédio! Dá pra parar com o drama?
- É, e o palhaço aqui nem precisava saber... Você nunca precisa de nada! Seus amigos são sua companhia pro almoço, ou pra uma tarde no shopping! É só isso!
- Me perdoe por eu não ser dependente, mas obrigada pela atenção. E, não, eu não preciso realmente de nada!
- Cara, eu tive que ligar pra minha mãe. E tive que ouvir Deus sabe que tipo de gracinhas! - Barbara devia estar realmente triste com ele, e ele piora sob estas circunstâncias.
- Eu não pedi a você pra ligar pra sua mãe, e acho que a Barbie está exagerando com você! Só que isso não te dá o direito de surtar comigo! E eu estou bem! Por falar em mãe - e ela chega ao ápice do sarcasmo - soube que você esteve com a minha... O chilique dela já passou? Será que eu voltei a ser filhinha da mamãe ou ela ainda insiste em me manter fora da lista de Natal?
- Você devia ouvir à sua mamãe! Ela tem mais experiência que você, é mais velha, sabe...?
- Vão você e a minha mãe pro diabo que os carregue! - ela diz, já dando as costas a alguém que esperava uma tentativa de argumentação, mas ela não quer mais discutir com ninguém, cansou.


Depois de uma hora imaginando como é bom morar tão perto do mar, trabalhar na frente dele e depois de conversar com ele sobre todos os seus problemas mais urgentes, ela volta. E o rapaz ainda está lá, de pé, em frente à mesma janela, esperando.


- Pensei que você nunca mais fosse voltar - ele diz sorrindo.
- Pensei que você fosse desistir - ela responde, olhando pro chão.
- Odeio te conhecer tão bem! - Difícil saber qual dos dois começou a frase, terminada numa gargalhada conjunta.
- O céu está feio, como está o mar...? - claro que ele sabia o que ela esteve fazendo...
- Agitado... Queria ir até a Barra hoje, topa? - retórica, pura.
- Quer jantar?
- Não, quero ir até a praia...
- Eu aceito o convite, mas só se você aceitar jantar comigo. Podemos jogar alguma coisa depois, ou ir ao kart... Ah, a quadrilha confirmou o jogo de amanhã e você prometeu ir. Já que afirma que está bem, acho que podemos nos divertir... - ele gostaria muito de se mostrar menos nervoso, mas a tensão é aparente.
- Eu estou bem, e aceito o jantar. Posso torcer por você no kart, é o máximo que dá pra fazer, eu acho... Eu vou melhorar, mas a dor é meio incômoda pra ficar sentada naquela posição chatinha... - ela não sabe como melhorar as coisas.
- Pode sair agora?
- Claro! Deixa eu desligar essas coisas aqui ou vão passar o resto do dia nos enchendo!
- Lua...? - ela para, admirando como seu apelido fica bem na voz dele - Vou te falar uma coisa, não briga, viu? Eu me preocupo. Sei que fui meio autoritário, né? Mas você me deixa maluco! Saio por uns dias e quando volto...
- Eu não vou morrer! Prometo. Não por esses dias! É uma promessa!
- Eu sei que mais gente, além de mim, torce pra que essa promessa se estenda por todos os anos que a vida tiver pra te dar. Sei que você não fez essa promessa pra mim, mas pensando em muitas outras pessoas. Inveja é algo ruim, mas eu sou humano! Desculpa o jeitão, viu?
- E eu sei que você é chatão assim. E eu te amo assim mesmo! - ela lhe dá um beijo na testa e por um momento sente que ele a odeia - Você dirige?
- Meu carro, lembra? você acha que eu vou deixar você sair por aí, como uma louca, na chuva, com o MEU carro??? Vai sonhando...
- Eu nem percebi que estava chovendo!
- Ai, Lua, você não percebe um monte de coisas nesse mundo! Acho que você é muito prática, sabe?
- Acho que você é muito chato, sabe?
- Quer descer pela escada? Eu te levo no colo! - ele ri.
- Agora é você quem está sonhando!!! - ela corre pra saída de emergência e os dois saem quase juntos do prédio, correndo pela chuva até o estacionamento. Pensam ter escondido os pensamentos um do outro, torcem por isso, na verdade...




Essa história não vai ter um final feliz. Ele odeia saber que ela o ama, como ama a todas aquelas pessoas próximas, e ela odeia a deferência com que ele a trata, por saber que isso se traduz numa obrigação que ela não pode cumprir. Eles amam um ao outro, cada um à sua maneira. E ele lhe deu um CD feito sob medida. Era provável que pudesse ter sido a trilha sonora desse dia.




LOUD:

À Sua Maneira (Capital Inicial)
Fogo (Capital Inicial)
Refrão De Bolero (EngHaw)
Pra Ser Sincero (EngHaw)
Servos Do Castelo (Titãs)
Epitáfio (Titãs)
Seguindo Estrelas (Paralamas Do Sucesso)
Ska (Paralamas Do Sucesso)
Longe Do Meu Lado (Legião Urbana)
Quando Você Voltar (Legião Urbana)






Sally, (in)sensibilidades.

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Eu sou um problema do tamanho do mundo, sem modéstia alguma! Sonho, choro e acabo no mesmo lugar. Brigo, me irrito, e não saio daqui. Sempre assim. E eu estou sempre muito chateada, já que odeio terminar em segundo!






LOUDER:
One - U2 feat. Mary J. Blige



Sally , we are not the same...

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Há sonhos em todo lugar, onde quer que eu olhe, não importa a direção. Uma barriga cheia de vida, que faz sonhar com um chorinho morno e olhinhos brilhantes, um jardim abarrotado de flores, que faz imaginar pássaros e borboletas. Há sonhos no pôr-do-sol que me faz pensar em Sartorini, ou lembrar Amsterdã, no barulho do mar que me trás a aborrecência perdida, a música que carrega consigo todos os meus amigos, hoje imersos em tanto pragmatismo, que outrora matariam e morreriam pelos sonhos. Houve um tempo em que cada um desses me moveria, não mais. Não da mesma forma, pelo menos. Os que não parecem distantes me despertam atenção desapaixonada, diferente do que costumava ser. Há sonhos me todo lugar, mas quero um só meu. Um especial, que me faça lembrar o que é estar disposta a ir até o fim por ele. Um que me mova até as últimas consequências. E que não seja você, por favor.





Sally, e um monte de canções de amor...

sábado, 15 de setembro de 2007

Ele me fez flor, eu o protegi com espinhos...






Sally, de verdades absolutas...

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Ele me faz sentir nas nuvens, em todos os sentidos, por todos os cantos, em cada suspiro, a cada palavra. Todas as minhas letras são dele, cada ponto, em verso e prosa. Ele me surpreende, sempre, nos menores gestos, os maiores sentimentos. Eu me apaixonei, no primeiro dia, não importa quando me dei conta. Ele se apaixonou, não importa quando. Importa que é, que somos, um...









Sally, felicidade.

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Da janela, ela observa o tempo, sonha com olhos conhecidos e distantes. Eles estão ali, quando ela fecha os próprios olhos, quando ela se olha no espelho, enquanto respira... Aquela presença a envolve, mesmo quando não existe, mesmo enquanto não vem. A expectativa que se traveste de frustração, a alegria infantil que vira um gosto amargo na ponta da língua, no fundo do peito. Da janela ela observa a vida, vê passar sempre o mesmo filme, e ainda não entende. Olha, chora, ri, sente tudo, por tudo. Espectadora da própria existência...






Sally, "...na confusão do dia-a-dia, no sufoco de uma dúvida, na dor de qualquer coisa..."

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Não é só saber que ele sempre vai estar lá que a faz seguir em frente, é saber que ele vai vir, todo esperanças, sorrisos e dúvidas... Não é só por poder tê-lo em seus sonhos, é por ele estar em seus braços, em seus olhos, em suas veias. É ele quem desperta seu sorriso nas manhãs escuras, quem faz o sol brilhar mais forte no céu azul, ele faz o sentido que a vida precisa ter. E ele faz com que ela pense que vale a pena, qualquer pena, todo o tempo.






"Sei que seu ego vai ficar do tamanho do mundo, mas como não admitir e gritar que te amo? As conversas, a batata frita, o fim do livro, tudo faz um sentido incrível com você! Brincar de ser adolescente, esquecer que estou de dieta, suspirar pelos cantos, passar o dia sorrindo, dormir com os anjos em uma noite povoada pelos melhores sonhos, contar as horas pra te ouvir novamente e, no fim, acordar e ver suas palavras, só pra mim. Não sei como pude levar tantos anos pra descobrir como é simples ser feliz!"





Sally.

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Nós

Ela conta os minutos.
Ele escolhe o filme.
Ela espera, ansiosa.
Ele pede a pipoca.
Ela se agarra a ele.
Ele a conduz, firme.
Ela se deixa levar.
Ele sabe o que faz.
Ela se sente feliz.
Ele sabe que é parte disso.
Ela quer lhe fazer bem.
Ele deixa estar.
Ela chora.
Ele consola.
Ela ri.
Ele se diverte.
Eles se completam.






Sally, (in)sensível.