segunda-feira, 13 de agosto de 2007

A moça ao meu lado está obviamente ansiosa. Responde mensagens de texto no celular da mesma forma que eu respondo às suas, absorta no que faz, mas com um prazer que sua expressão não pode esconder. Sorri para o pequeno aparelho como se ele entendesse tudo o que lhe passa pela cabeça. Inadvertidamente ela me olha nos olhos, e eu entendo. Amor é assim, vem de dentro pra fora, e agora estou cismada: será que todo o resto do mundo também pode me ler assim, tão fácil...?




"Depois de me observar e ser observada por algum tempo ela resolve me cumprimentar:


- Boa noite... - diz meio sem jeito.
- Boa noite... Desculpe, mas eu sou marciana, meio de longe desse planeta. O amor me toca de forma mais intensa que às pessoas normais... Eu acho... - eu realmente não me sinto normal. É a primeira vez na vida que me pego achando que posso amar uma segunda-feira.
- Percebi que você sabia pelo sorriso...
- É, acho qe reconheço isso, onde quer que seja.
- Espero que não me ache muito boba.
- Se a conhecesse, acharia que você está feliz. Ficar boba, caminhar em nuvens, sorrir pra um cachorrinho na rua, isso vem no pacote... - sei bem como é o sentimento, estou boba e ainda achando que este é o melhor dia da minha vida.
- Acho que você tem razão. - ela fala, meio que em tom de despedida.
- Tenho, sim. Descobri que posso ser feliz numa segunda-feira, só por ter olhado para os olhos mais doces que se pode encontrar.
- Você também está boba. Tenho que ir. Que essa felicidade te acompanhe, boa noite. - ela se foi, sem que eu pudesse responder, e eu fiquei com minhas revistas, e o chocolate quente e a sensação de que ser feliz é fácil demais.


A felicidade me acompanhou, claro. Estou aqui lembrando como a felicidade pode ser simples, como ela pode se manifestar num sorriso, num pão australiano, numa caneca de Coca Cola e na voz do Fish, cantando pra nós."





Sally

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